Uma vistoria realizada na segunda-feira (19) pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) revelou um cenário alarmante no Hospital Pediátrico Helena Moura, localizado no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. A fiscalização apontou sérios problemas estruturais, déficit crítico de profissionais de enfermagem, falta de insumos básicos e denúncias de ameaças contra a equipe de saúde.
De acordo com o relatório técnico, a unidade opera com uma defasagem de mais de 50 profissionais de enfermagem, o que tem resultado em situações extremas de sobrecarga. Em um dos plantões verificados, um único técnico de enfermagem era responsável por cuidar de 24 crianças internadas. O Coren-PE classificou a situação como um risco iminente à vida dos pacientes, destacando que a estrutura atual compromete diretamente a qualidade e a segurança do atendimento.
Além da insuficiência de pessoal, a vistoria identificou a ausência de materiais essenciais, como luvas, seringas e medicações básicas, comprometendo os procedimentos clínicos e a própria dignidade do cuidado. Profissionais também relataram um ambiente de trabalho hostil, com ameaças de morte e episódios recorrentes de violência, o que agravaria ainda mais o contexto de vulnerabilidade.
Diante do quadro, o Coren-PE anunciou que deve ingressar com uma ação de interdição ética na unidade. A medida tem como objetivo pressionar a gestão municipal a adotar providências urgentes para reestruturar o hospital e garantir condições mínimas de trabalho para os profissionais e de atendimento seguro para as crianças.
O Conselho também relembrou o caso ocorrido em 19 de maio de 2024, quando um recém-nascido morreu por falta de assistência na unidade, como um exemplo trágico das consequências da negligência institucional. A entidade reforça que é urgente uma resposta efetiva do poder público para impedir que novas fatalidades aconteçam.
A situação do Hospital Pediátrico Helena Moura se torna ainda mais crítica pelo fato de atender exclusivamente ao público infantil. Segundo o Coren-PE, a omissão na gestão representa uma grave violação dos direitos das crianças e adolescentes, além de configurar risco ético-sanitário.
O caso deve ser encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e ao Conselho Tutelar para responsabilização e encaminhamento de medidas protetivas. A população e os profissionais de saúde seguem mobilizados, cobrando ações emergenciais e a valorização da enfermagem no estado.
* Com informação da Assessoria e imagem de divulgação/ Maria Eduarda Silva
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