A intenção de compra de imóveis no Brasil atingiu seu menor nível desde 2019, com apenas 33% dos entrevistados planejando adquirir um imóvel nos próximos três meses, segundo a pesquisa Raio-X do FipeZAP. Esse número representa uma queda em relação aos 35% registrados no primeiro trimestre de 2025.
O cenário atual é marcado pela escassez de crédito e pelas altas taxas de juros, que impactam diretamente o mercado imobiliário. A economista Paula Reis, do Grupo OLX, destaca que a queda do saldo da poupança reduz os recursos disponíveis para empréstimos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que costuma atender o segmento de médio e alto padrão no financiamento imobiliário.
Apesar da queda na intenção de compra, a participação de investidores no mercado imobiliário aumentou de 31% para 43% entre os compradores nos últimos 12 meses. Essa mudança pode ser atribuída à identificação de melhores oportunidades de negócios, com a taxa média de retorno do aluguel e a valorização real dos imóveis abaixo de outras aplicações financeiras.
Entre os compradores que adquiriram imóveis nos últimos 12 meses, a maioria (87%) tinha como objetivo a moradia própria. No entanto, a participação de transações classificadas como investimento também aumentou, passando de 36% em março para 38% em junho de 2025.
Em relação à expectativa de preços para os próximos 12 meses, o percentual de pessoas que projetam aumento nominal no valor dos imóveis recuou de 46% para 42%, na comparação entre os mesmos períodos de 2024 e 2025. Além disso, 27% acredita que os preços vão se manter os mesmos e 11% apostam na queda de preço para o período.
Esse cenário revela um paradoxo: ao mesmo tempo em que a intenção de compra isola-se, o mercado de investidores imobiliários mostra resiliência. A baixa intenção de compra abre espaço para negociações mais agressivas — descontos, flexibilizações comerciais e modelos alternativos de financiamento podem surgir — exatamente porque o mercado joga a favor do comprador.
Para além das quatro paredes, esse é um momento determinante para a sociedade. Reduzir a barreira ao crédito pode revitalizar sonhos e transformar bairros, acionar políticas urbanas mais inclusivas, e ativar uma cadeia econômica vital. Para as startups de tecnologia imobiliária, para os governos municipais e para a sociedade civil, é hora de criar soluções que unam acesso e sustentabilidade urbana.
Informações da Assessoria - Foto/ Imagem de Destaque: Freepik
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